Exposição: Malas Artes - Obras de Mário Cordeiro
“Às vezes não tenho voz, é preciso uma voz para estar calado, é esse o segredo de quem fala. É preciso também que um lento amor arrase tudo isto com as suas flores abertas sobre as praças.”CuradoriaSara & André |
Mário Cordeiro foi escritor, poeta, ilustrador, pintor, encadernador e não só. Nasceu em 1950 na Aldeia de Santa Margarida, em Constância, e viveu em Abrantes desde 1952. Em 1971, no auge de uma juventude promissora sobretudo do ponto de vista literário, refugiou-se em Bruxelas na sequência de divergências com o regime salazarista, tendo-se mudado para Paris no ano seguinte. Já na capital francesa terá frequentado os cursos de Belas Artes, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts e Sociologia, no Centre Universitaire de Vincennes, tendo obtido uma bolsa de estudo da Entraide Universitaire Française em 1973. Durante este período viajou também com regularidade a Madrid, tendo regressado a Abrantes no verão de 1974, no rescaldo da revolução dos cravos. Ao longo da sua vida publicou e ilustrou textos para os jornais O Círculo, Diário de Lisboa, República e Jornal de Letras, entre outros. Foi distinguido, premiado e incluído em antologias poéticas. Foi autor dos livros Mãos para dedos (EICA, Abrantes, 1969) e A Nau elétrica (Ulmeiro, Lisboa, 1984), bem como do catálogo C’est triste la vie de l’artiste (Galeria Municipal de Abrantes, 2002); expôs as suas obras em Portugal (em diversas cidades) e em França (Lannion, 1984), que continuou a visitar nos 10 anos seguintes ao seu regresso. Mário Cordeiro deixou-nos em 2016, debilitado física e psicologicamente, acusando a dificuldade de ser artista num meio pequeno. Numa autobiografia sua escrita em 2010, refere — no contexto de uma exposição que organizou em 1982 no Convento de São Domingos, intitulada Pintura Abrantina — ter tido como objetivo “sensibilizar as pessoas influentes da cidade para a utilidade de uma sala de exposições permanentes, onde estivesse devidamente definida a história de arte local”. Ora não poderia haver mais sublime exemplo do seu visionarismo, que o facto de podermos hoje fruir uma parte significativa da sua obra nesse mesmo convento, entretanto transmutado com sagacidade em MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. Trate-se ou não de uma coincidência, é sem qualquer dúvida uma significativa aproximação ao espaço de exposição permanente que o Mário conjeturou. E é também um facto que aumenta inadvertidamente a responsabilidade e, certamente, também o prazer, patente na tarefa de revelar a obra de uma vida — um corpo de trabalho extenso, único, com momentos de grande sofisticação e com muitíssimas ramificações — sobre a qual, qualquer leitura será sempre parcial, na medida da sua riqueza e diversidade. Para terminar, atendendo ainda ao facto de não termos tido a oportunidade de conhecer o Mário pessoalmente, resolvemos estender esta homenagem a várias figuras e personalidades que com ele privaram, lhe foram próximas e caras, solicitando para o efeito breves depoimentos, que foram elaborados ao longo das últimas semanas. A todos estes amigos e amigas o nosso obrigado. Sara & André |
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Todas as datas
- De 2025-05-31 09:00 a 2025-11-16 17:00
Local
Museu Ibérico de Arqueologia e Arte
Telefone
241330100
E-mail
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