Festival de Filosofia de Abrantes
![]() O Festival de Filosofia de Abrantes continua, ano após ano, a provocar os cidadãos desta nossa Polis! |
Falemos então da Palavra, do poder da palavrar e da forma como esta se manifesta na capacidade de moldar a realidade e de influenciar pensamentos e emoções. Hoje, as palavras têm tanto poder e tantas interpretações, desde o poder evidenciado nas expressões da Bíblia até à forma como se constrói ou se destrói um relacionamento, como escreve a Inteligência Artificial. Pela Palavra, entendemos como a Fé moldou a forma de interpretar O que não é visível, com um eco infindável e insondável. Sendo a Palavra, por excelência, a grande criadora, ela é sem dúvida a força poderosa que faz mover o mundo. Sempre que alguém pensa, fala, sente, imagina, medita, grita ou canta, está simplesmente a criar, como António Botto tão bem escreveu. Mesmo as mais opacas, curtas ou sucintas, as palavras continuam a ter um eco infindável. Não há propriamente boas ou más palavras. Há bons e maus entendimentos. Claras e imprecisas perceções. Abertos e fechados diálogos. Hoje, mesmo que se insista na perda ou na relativização do valor da Palavra, a mesma é essência da Verdade, expressão maior da vontade e do pensamento da nossa Comunidade. A edição deste ano do Festival de Filosofia de Abrantes homenageia o Professor José Gil e todos os que não têm “medo de existir”, desejando que o “poder da Palavra” seja o mote para muitas conversas. As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras. […] Crónica de José Saramago (1922 — 2010) publicada no livro Deste Mundo e do Outro, Editorial Caminho, Lisboa, 4.ª edição, 1997 Programa completo aqui. |
Datas
2025-11-20 09:15 - 2025-11-22 22:30
Todas as datas
- De 2025-11-20 09:15 a 2025-11-22 22:30
Local
Biblioteca Municipal António Botto
Telefone
241330100
E-mail
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